quinta-feira, 7 de março de 2013

Diego Costa, Kaká e o Felipão de sempre


Carles: Na semana em que Del Bosque andou respondendo sobre a possibilidade de Diego Costa, jogador do Atético de Madrid, ser chamado para a seleção espanhola, Felipão antecipou-se.
Edu: Foi a surpresa desta convocação, claro. Quem esperava Diego Costa desde já na Seleção? Desconfio até que nem o próprio Felipão viu tantas vezes assim o Diego, a não ser no jogo-chave, contra o Sevilha, na semana passada, no qual ele foi o principal nome do Atlético. Mas acho que o Felipão convocou mais pela insistência dos seus informantes do que por tê-lo visto em campo. E por um detalhe especialíssimo. Sabe quem é o agente do Diego Costa? Senhor Jorge Mendes, o português mentor do Mourinho. Sabe quem cuida das coisas do Felipão na Europa? Senhor Mendes.
Carles: Hummm, algo cheira mal. Felipão disse que esteve na Europa, na semana passada. E nem sei se Felipão conhece as duas caras do Diego, capaz de levar seu time à vitória e de ser expulso de campo no mesmo jogo.
Edu: Aí que está, provavelmente não conhece.
Carles: Aliás, a outra surpresa vem da mesma cidade.
Edu: Kaká?
Carles: Isso. E você que conhece melhor o homem: pelo que ele disse, é possível que esteja dando a entender que na Copa Confederações estará Ronaldinho ou Kaká, nunca os dois?
Edu: Não acho que o Kaká chegue a ser surpresa, Aliás, tem mais o jeito do Felipão e do Parreira do que o próprio Gaúcho, porque é um cara de grupo, que nunca vai criar caso. Mas que não tem lugar para os dois juntos é mais do que certo. De todo jeito, o que mais chamou a atenção foi o perfil que ele está querendo para a Seleção, em função dos caras de excluiu da primeira convocação, substituindo por outro tipo de jogador agora. É o Felipão de sempre.
Carles: Ou seja, esta é a verdadeira convocação do Felipão (e do Parreira) e não a anterior? Se é assim, a derrota para a Inglaterra não foi um resultado de todo negativo para os planos da comissão técnica? É isso? Foi a desculpa perfeita para adotar definitivamente um esquema mais mesquinho…
Edu: Certamente, porque aquele jogo serviu para algumas questões nevrálgicas quando se trata de Felipão e Parreira. Primeiro, eles querem caras participativos e combativos, antes de tudo. Daí Diego e Hulk, e não Luis Fabiano; Kaká, e não Ronaldinho. Em segundo lugar, tem a questão dos volantes tradicionais. Ele retirou um, Arouca, mais habilidoso e que falhou individualmente naquele jogo, e trouxe dois para o lugar, Fernando e Luiz Gustavo. São volantes mesmo, que até sabem dar um chute de fora da área, mas são jogadores de marcação, sem a mobilidade do Paulinho e do Ramires, que certamente não jogarão mais juntos. Será um ou outro.
Carles: Ele foi claro. Diego Costa luta e facilita o trabalho do jogador que tem ao lado… seria o Kaká? Bom, o tema dos volantes já sabíamos, mais cedo ou mais tarde ia acontecer.
Edu: Kaká ou Oscar, quem sabe? Mas o ponto mais cruel da justificativa sobre a convocação ficou bem claro quando Felipão disse sem ficar corado: “Nossa primeira preocupação é não tomar gols". Tem algo mais Felipão e Parreira do que isso? Teremos ou não aquele retrocesso tático de que falamos há mais de um mês?
Carles: Muito pouca ambição para a seleção pentacampeã… E, de alguma forma, contra a tendência atual dos grandes times de ter a posse de bola e valorizá-la.
Edu: O consolo é que, salvo uns poucos jogadores (talvez Adriano, do Barça, Alexandre Pato, que está voltando a jogar bem, e mais algum), os melhores estão todos aí, não tem muito o que inventar. Os seja, se esses jogadores assumissem a Seleção, como aconteceu com o próprio elenco do Felipão em 2002, aí teríamos um bom time. Autogestão é a solução.
Carles: Mas ele sabe disso?
Edu: Nem desconfia...
Carles: Como imagino que eu tenha visto o Diego Costa jogar mais o que o próprio Felipão, vou dar uma dica. Apesar das características diferentes, tanto ele como o Kaká ou o Oscar fazem, de forma distinta insisto, a função do ‘segundo punta’. Ou muito me engano, ou será preciso um verdadeiro ‘ariete’, tipo Falcao do Atlético. Tem alguém com essas características?
Edu: Aí nesse grupo tem o Fred, eventualmente o Hulk.
Carles: O Fred então, não vejo o Hulk e o Diego Costa no mesmo time, é "energia" demais…
Edu: O problema é que no Brasil de hoje a demarcação de 'segundo punta' ainda é ocupada pelo Neymar. É ali que ele joga e não como atacante puro. Acredito mais numa formação conservadora, com dois volantes de marcação rígida, Kaká, Oscar e Neymar mais à frente, atrás do centroavante. Se for o caso de colocar um mais um atacante, sai o Kaká. Diego Costa, em princípio, é só banco.
Carles: Neymar, se não me engano, parte de uma posição mais aberta, um pouco como o Iniesta, não?
Edu: Um mix de Iniesta e Messi (quem me dera!), porque entra muito pelo meio também.
Carles: O Neymar pela esquerda e o Oscar pela direita… Neste caso, estou ansioso para ver esse desenho tático no campo, dia 21, contra a Itália.
Edu: Como princípio, o ideal era formar o time em torno dos dois principais jogadores, Neymar e Oscar, mas como se trata de Felipão e Parreira é quase certa a aposta numa delimitação mais rígida de espaços. Nesse caso, Neymar e Oscar não poderiam circular muito, que é o que fazem de melhor. O resto, vamos ver em campo.

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