Edu:
O ambiente do futebol não tem sido muito generoso com palavras e ideias - e faz
tempo. Por exemplo, essa história de os treinadores darem sempre as mesmas
explicações para as derrotas, o árbitro, a bola parada, a falha individual,
retratadas de forma mecanizada pela mídia e também pelos jogadores, nos empurra
para uma rotina de falta de criatividade e de reflexão que dá pena. As mesmices
são retroalimentadas e é raro, raríssimo, que apareça um jogador ou um técnico
que tenha algo interessante a dizer, fora do script. Será que vamos chegar ao
vilão de sempre? Também essa pobreza de espírito é culpa do futebol de mercado?
Carles: Nós podemos tentar ser um pouco originais, ao menos, não porque o
vilão seja muito diferente do que você aponta, mas porque entrar na roda viva
de apontar os mesmos erros sem propor soluções também não ajuda muito. Sempre
tem alguma resposta alternativa, mas acho que o cara que se propõe a fugir à
mesmice tem inteligência suficiente para saber que a transgressão e uma
atividade de estrelato não são compatíveis. Ibrahimovic taxou Guardiola de
filósofo, mas acho que não era em menção à sua capacidade pensadora. Poderíamos
falar do Xavi, um jogador que, sem se meter em grandes problemas e dando
declarações simples, consegue um pouco sair do roteiro estabelecido. Tem também
o modelo Räikkönen, que rompe sempre com o estabelecido, a ponto afugentar os
jornalistas menos corajosos. Isso me leva à seguinte questão, se realmente
existe interesse em ouvir ou reproduzir verdades contundentes. Eu mesmo já
presenciei alguma tentativa de o entrevistado fugir do nível baixo e
padronizado e o entrevistador preferir retomar uma linha mais cômoda e
sonolenta.
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