segunda-feira, 30 de setembro de 2013

“No meu tempo...”


Edu: Por dever profissional, para concluir um trabalho recente, mantive contato com a produção acadêmica do professor Hugo Lovisolo, antropólogo social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre suas ideias, algumas defendidas no livro 'A Invenção do País do Futebol', uma em especial afeta e incomoda todos nós admiradores do futebol: o excesso de nostalgia deste meio. Torcedores fanáticos ou simples admiradores, entre os que me incluo, estão sempre dizendo que o futebol 'de antes' era melhor, que no tempo em que o futebol era mais simples jogava-se melhor, que quando não havia tanta interferência do mercado e da mídia o jogo era mais puro, mais autêntico. Lovisolo contesta com veemência essa postura e propõe algumas questões, não exatamente com estas palavras. Por que o futebol de hoje não pode ser bom e prazeroso pelo simples fato de que há muito dinheiro em jogo? Por que o que era supostamente 'ingênuo' era melhor do que é supostamente 'contaminado'? O futebol que se joga dentro do campo tem de fato toda essa ligação com o mundo externo ou o verdadeiro apreciador do futebol sabe diferenciar o que presta do que é daninho?
Carles: Vejo a questão por dois lados. O primeiro que o futebol é um desfrute de ordem afetiva, ligado à falta de preocupações e portanto gravado na memória de cada um, segundo uma época vivida sem culpa, digamos com mais “irresponsabilidade” e portanto, reforçando sempre um determinado modelo no subconsciente. Por isso o saudosismo com o futebol se parece à lembrança da carambola saboreada no quintal da casa da avó. O outro, é o nosso velho e bom assunto do mercantilismo que profissionaliza e portanto cria um compromisso de excelência entre a parte contratante e a parte contratada, como diria Groucho; mas em compensação padece do problema crônico da busca do lucro, a desmedida ambição dos seus gestores, normalmente os menos apaixonados pela essência da atividade. Acho que o problema nem é só se os rios de dinheiro são ou não incompatíveis com uma prática eminentemente lúdica, mas a suspeita (incluindo os que estão dentro) quase permanente que paira sobre tudo aquilo que move sempre tanta grana e em que os jogos de interesses são a moeda corrente.
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domingo, 29 de setembro de 2013

O derby expõe feridas


Carles: Segunda vitória seguida do Atlético sobre o Real Madrid em pouco tempo depois de quase 15 anos sem conseguir uma só. Carletto tinha dito antes do jogo que o time ‘colchonero’ é o Cholo de novo. Só que o time dele mesmo, parece não ter nenhuma cara, nenhuma identidade. Logo ele que dos três treinadores dos times de ponta foi o que chegou falando mais grosso. No contraponto, a fala macia do Tata Martino, que parece toma as decisões e começa a dar identidade ao Barça, ou várias para ser exato, uma para cada situação. É dura a vida na liga vista desde os ‘banquillos’
Edu: Os caras mais bem pagos do mundo, com os elencos mais caros do mundo, nos cenários mais midiáticos do mundo e com a melhor estrutura de que se tem notícia. É dura a vida de técnico na Espanha... E justo o 'primo pobre' dessa história é que tem algo consistente pra mostrar, porque o Barça, mesmo ganhando tudo, ainda oscila nas mãos do argentino. Enquanto isso, o outro hermano, Simeone, faz o time dele jogar direitinho e tem as mesmas sete vitórias que o Barça. Sobre Madrid prefiro respirar fundo por alguns minutos antes de dar opinião.
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sábado, 28 de setembro de 2013

Coreografia e hipnose, em 28 toques



Carles: Finalmente, o jogo do meio de semana do Barça  contra a Real Sociedad mostrou uma porção de coisas que esperávamos: que o time do Tata, se quiser, sabe jogar ao tique-taca, que Neymar fez o primeiro gol na Liga, e que de tropeção também vale, mas uma jogada em particular marcou esse jogo e não foi nenhuma das que subiram ao marcador. Uma jogada que certamente passará a fazer parte dessas montagens que começam com a finta do Pelé sem tocar na bola, ao uruguaio  Mazurkiewicz, na Copa de 1970… só que esta é uma ode ao jogo coletivo, são 28 toques no total, começando com a troca de passes entre quase o time todo e como se fosse obra de um roteirista, acaba justo nas botas dos quatro Beatles. Então, depois de uma sequência ao som de Ohhhhs! e com o corações de todos os presentes, disparados (menos os deles), aconteceu o impossível: Messi falhou! ¿Pero que pasa? O gol convertido teria acabado com toda a poesia do momento ou o argentino ficou meio atordoado, como o resto de espectadores?
Edu: Foi um daqueles lances de resgate, sublime. Pura estética, mesmo sem o gol, só quem admira muito este jogo sabe como isso permanece forte na memória. Assistindo ao vivo, durante aqueles segundos, fiquei imaginando o que poderia estragar aquilo. A jogada poderia acabar a qualquer momento, com um descuido, um resvalão, alguém poderia errar o passe, um adversário intruso poderia atrapalhar, mas o lance nunca acabava, até Messi - que foi o pivô de toda a orquestração - furar no último toque. E 8 dos 11 jogadores do Barça tocaram na bola. Quem foi o incauto que disse que o futebol de mercado sufoca a criatividade e o instinto?
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pausa para duas ‘pachangas’ no Oriente


Carles: Como foi a última reunião da família Scolari? Muitas novidades?
Edu: Não muitas, exceto talvez Lucas Leiva, um volante (claro!) muito admirado pelo Felipão, que tem feito bons jogos pelo Liverpool e vive seu melhor momento desde a contusão grave de dois anos atrás. Além dele, duas substituições por lesão: Thiago Silva abriu vaga para Dedé e Júlio César deu lugar a Victor. O pior é que, em pleno outubro, os times daqui e da Europa vão ficar sem seus principais brasileiros para um tour light ao Oriente, em jogos contra duas potências: Coréia do Sul e Zâmbia.
Carles: Joguinhos de convivência, suponho, para manter o grupo unido, a maior parte do tempo num avião, o mais novo centro de concentração para atletas. Vai bem para aquelas fotos no twitter com o colega babando na poltrona.
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Bom Senso sim, mas sem abutres


Edu: São tão raros esses movimentos que precisamos exagerar agora no estímulo para que a coisa ganhe corpo e se torne um costume. O tal Bom Senso FC parece que veio com firmeza de propósitos, tentando mexer de início em uma das mais delicadas controvérsias do futebol: o calendário. Aquela semente de contestação plantada outro dia pelo Paulo André ganhou inúmeros adeptos, principalmente os veteranos (Alex, Ceni e outros). Ganhou também o apoio de técnicos como Tite e Oswaldo Oliveira. Na origem de tudo estão as datas divulgadas pela CBF para o ano que vem, ano de Copa, apertadíssimo, que será especialmente cruel com clubes e jogadores. Acho que a história já chegou por aí né?
Carles: Na verdade, sopram por aqui ventos a favor do futebol de mercado e escasseiam as brisas da capacitação associativa. Já sabe né, Merkel por maioria e outras tragédias menores. Com todas as perdas, segue sendo a Europa o maior reduto da organização social, migalhas de outros tempos. Lembro que, faz umas duas décadas, o calendário de jogos por aqui parecia o período de férias do Brasil, mas os altos salários foram sendo multiplicados e, com eles, a necessidade de os clubes-empresa faturarem mais e aumentar a mais-valia. O break do verão foi ficando cada vez mais espremido entre torneios e caça-níqueis e vai acabar desaparecendo, pelo visto... Isso vale tanto para os milionários como para os pobres proletários do futebol que são sempre muitos. A associação de atletas profissionais é bastante tradicional por aqui, oferece apoio e até montou um time de profissionais desempregados para exibições que ajudam a encontrar clube, inclusive na China, como foi um caso recente. Dificilmente as mobilizações contam com o apoio das grandes estrelas, como, parece-me, acontece com o Bom Senso, que tenta o apoio de gente como Seedorf ou Ronaldinho. É isso?

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Diego Costa, ‘la bestia’, mais perto da Roja

 
Edu: Tenho visto alguns jogos do Diego Costa e não tenho mais dúvidas: nenhum centroavante brasileiro está merecendo mais uma convocação do que ele. Como vai o movimento por aí, meio na surdina, para colocá-lo na Roja?
Carles: Shhhhh! Fale baixo. Se a comissão técnica do Brasil não ouvir, ainda pode ser que ele jogue pela Roja, o Del Bosque já andou conversando com ele, que já tem a nacionalidade e disse que se não der na Seleção Brasileira, estaria encantado de jogar com a Espanhola. O que eu posso dizer para vocês não chamarem ele, que ele é muito europeu, não sabe driblar, não vai dar certo na Canarinho. Ou melhor, muito argentino, cria do Simeone.
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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Neymar nunca vai ser Messi


Carles: Sinto que vocês andam ansiosos para que o mundo inteiro possa comprovar que Neymar é um craque desses especiais.
Edu: Não acho que seja uma comprovação, mas um desejo de que ele possa fazer sempre o que sabe, porque já sabemos que especial ele é e que muita gente fora do Brasil também já percebeu isso sem precisar fazer muito exercício mental.
Carles: Já tinha dito que, antes de dar minha opinião sobre o jogo Neymar no Barça, preferia ver como ele iria atuar num campo pequeno, com menos espaço. Claro que ele acabou de chegar e vai melhorar muito em todos os aspectos, inclusive na hora de enfrentar adversários incômodos, mas provavelmente vai ser um cara para os grandes encontros, os grandes campos.
Edu: É provável que o que Neymar tenha de mostrar é seu apetite para jogar futebol, no campo que seja, em Vallecas ou Wembley. É um ‘fominha’, um guloso por jogar bem, fazer gols. Vibra com seu time como um torcedor. E nem vejo tanta dificuldade pra ele se adaptar aos campinhos, como Messi, aliás, que se dá bem em qualquer canto.
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A sina dos goleiros, por Iker


Carles: Vocês devem estar sabendo das peripécias pelas que está passando o sujeito que levantou a única Copa do Mundo que a Espanha conseguiu até hoje. Não tanto pela reserva de um Diego Lopez em grande forma, mas por tudo que ele passou nas mãos de Mourinho, que, se desconfia, seria na verdade,  uma encomenda do “presi”.
Edu: Certamente não temos aqui a mesma clarividência sobre as aventuras de Florentino no vestiário, mas nos solidarizamos com Casillas desde o início, porque sempre pareceu um sujeito profissionalmente dedicado e, em campo, um milagreiro. Por isso que a impressão que continua é que o inferno para ele não terá fim enquanto permanecer no Bernabéu.
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sábado, 21 de setembro de 2013

E Neymar comprou gato por lebre


Edu: Quando joga mal, Neymar põe uma bola na trave e dá uma assistência. Mas pelo jeito esse é o menor problema do Barça. Como dizíamos outro dia, o time vai continuar ganhando, porque é muitíssimo melhor que o resto, mas e o bom jogo?
Carles: Um campo difícil Vallecas, de todos modos, para o bom jogo. Se bem que o Barça goleou nas 3 últimas vezes que passou por lá. Não é o melhor jogo para tirar conclusões. Soube ganhar e ponto. Só espero que o bom jogo apareça quando for imprescindível, contra os grandes de Europa. E Tata segue com os testes que devia ter feito na pré-temporada, reservada para as excursões promocionais.
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Estética do pragmatismo


Edu: Vejo nos jornais daí, nos últimos dias, uma preocupação recorrente e uma certa pressa em se definir o modelo de jogo dos dois grandes, Madrid e Barça. Se o contra-ataque deve ser descartado, se a posse de bola ainda é o melhor caminho (no caso do Barça), se é possível montar um padrão híbrido, se a velocidade dos jogadores vai determinar o tipo de jogo (no caso do Madrid). Essa discussão tem algo a ver com uma preocupação estética ou é só ansiedade por determinar o rumo que as equipes vão tomar em função dos resultados e dos jogadores que têm a disposição, incluindo as duas principais novidades, Neymar e Bale?
Carles: Um pouco de ansiedade tem, para que tentarmos nos enganar? Até o mais cego dos nacionalistas já percebeu a perda de força dos times da 'Liga de las Estrellas', mesmo nos casos os dois grandes. As temporadas por aqui costumam começar com o discurso sobre o favoritismo dos dois ao título continental. Agora se fala em oito favoritos, incluindo, claro, o produto nacional. A desconfiança sobre as próprias possibilidades cria urgências e muuuuuuuuuuita incerteza, pois, além de tudo, mudaram os dois treinadores. O pessoal anda desesperado com o excesso de confiança demonstrado tanto Tata como Carletto. Tem coisas que vão ficando claras, provavelmente com Neymar, o Barça vai ser mais profundo, menos compacto. Nesta semana, testou-se a mudança de modelo durante o jogo, com a entrada de Xavi e saída de Neymar, o Barça trocou, numa única jogada, 27 passes, talvez mais do que no resto da partida, e acabou saindo o quarto gol. No Madrid, o acelerado Modrich segue o ritmo dos dois puros-sangues lá na frente, mas Isco cadencia um pouco mais. Nem acho que isso possa criar incompatibilidades, mas proporcionar uma certa riqueza de recursos, de alternativas. Lógico a intenção é sempre criar polêmica, gerar debates às vezes estéreis. Ancelotti acaba de declarar que o time vai ter mais a bola, mas que nada impede de que cheguem ao gol com 3 toques em vez de 30. Questão de inteligência, segundo ele.
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sessão Dinossauro


Carles: Quando vasculho na memória, as minhas primeiras lembranças de futebol chegam em preto e branco, provavelmente com a narração de Luiz Noriega ou Geraldo José de Almeida e logo surge a figura dominante de Roberto Rivelino que, na verdade, usurpou a condição de meu primeiro ídolo futebolístico de um tal Tales. Você se lembra de qual foi o seu?
Edu: Ou quem sabe não era o Walter Abrahão? Riva foi o marco de uma geração porque nada do que fazia era rotina, foi o ídolo venerado com mais intensidade e por mais tempo, mas tenho muito apego aos tempos do Dino Sani, que chegou a conviver com Tales. Eram caras que tratavam o futebol com luxo, nunca eram agressivos ao bater na bola. Quando Rivelino chegou, mudou o parâmetro: era o drible, o lançamento, mas era também a pancada, a agressividade. Mesmo assim, Riva foi provavelmente o primeiro que me fez pagar ingresso para ver um drible.
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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

No Camp Nou, o outro Neymar


Carles: Neymar e Camp Nou, feitos um para o outro.
Edu: Ainda não consegui ver dessa forma tão doce, melhor que você tenha percebido.
Carles: Não vimos o mesmo jogo? Neymar esteve praticamente perfeito, e mais considerando que chegou o outro dia.
Edu: Vimos sim, mas do lado de cá estamos mal acostumados com Neymar. O perfeito de Neymar não é ficar restrito a uma faixa do campo e parece que ele estará condenado a isso no Barça.
Carles: Eu já vejo de outra forma, sigo achando ele um cara especialmente inteligente a ponto de, sem trocadilho, saber comer pelas beiradas. (…)
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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Suicídio do ‘Galata’ antes do batismo de Ney


Edu: Parece que a nossa força de vontade de que algumas zebrinhas animassem a primeira rodada da Champions foram além da imaginação. Os grandes engoliram os nanicos.
Carles: Principalmente quando algum dos pequenos decide cometer suicídio, como o ‘Galata’. Imagino Fatih Terim dizendo para os seus comandados: ”- Rapazes, tive um sonho, sonhei que jogávamos de igual para igual com o Real Madrid”. Precisou tomar seis para acordar. Aliás, o time turco começou a liga caseira, empatando três e perdendo uma. Nada a ver com aquele time guerreiro que finalizou a temporada anterior. Pior sem Drogba.
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Palpitaria na Champions


Edu: O mais interessante não poderemos ver por aqui – Real Sociedad e Shakthar -, porque os senhores da ESPN provavelmente não gostam de bom jogo, preferem os galácticos de sempre. Então, vamos ter que nos contentar com os decibéis da torcida do Galatasaray na orelha de Casillas e dos merengues, zapeando de vez em quando para United e Leverkusen.
Carles: Não sei não, mas acho que o inferno turco desta vez é uma tremenda armadilha para Iker. Ele tem tudo que perder com esse jogo, mais que o próprio Madrid. Quanto à Real, espero que o fraco começo na Liga seja só uma economia de forças ou ansiedade pela volta à Europa
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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A encruzilhada da renovação


Edu: Apostar numa renovação talvez seja o momento mais delicado para os times de alto nível, primeiro porque não pode se resumir a um momento, e sim a uma fase, e depois porque é preciso contar com a cumplicidade da torcida e da direção do clube. Ou seja, não é um processo apenas técnico. Tampouco é uma transição, parecida com a que faz o Barça neste momento e que talvez precise fazer a própria Seleção da Espanha. Falo de renovações mais profundas, como a que times brasileiros como Corinthians, São Paulo e Fluminense estão necessitando, por diferentes razões. Talvez aí, por uma questão estrutural, estejam as maiores diferenças em relação ao futebol europeu.
Carles: Digamos que, em tese, o futebol europeu tem estruturas preparadas e prontas para suprir as necessidades dos times principais. Na prática, o sistema é abortado ao primeiro sintoma eleitoreiro, em que os dirigentes sentem as urgências de oferecer às massas, carne humana de alto quilate, no lugar de bons resultados esportivos. Daí se originam os mais recentes desafios dentro do futebol moderno: quem é que pode se gabar de ter feito a contratação mais cara da história ou quem paga o salário mais alto do mercado. Inexplicável para qualquer marciano de bom senso ao que custaria entender o por quê de investir em estruturas de base, na formação de jogadores, para depois gastar dez vezes mais com um único jogador. O sistema de promoção dentro do próprio clube não é fácil, é complicado de construir e de manter, mas muitas experiências práticas de êxito provam que vale a pena.
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domingo, 15 de setembro de 2013

Os dribles de Neymar e a Lei de Cruyff

 
Carles: Não sei se o Tata Martino, com seu jeito argentino de ser, conseguiu convencer da transparência e eficiência dos seus métodos de gestão. A mim, sim. A impressão que eu tenho é de que ele sim foi capaz de ler tudo o que acontece à sua volta e, pouco a pouco, vai transformando o vulcão que era o seu posto de trabalho numa tranquila pradaria. Também não sei se isso vai ser suficiente para o Barça alcançar os resultados esperados mas, pelo visto,  são as condições necessárias para impor as suas decisões, sem melindrar ninguém. Inclusive ontem conseguiu dividir o tempo em partes iguais e deu metade a Neymar e metade a Messi. Para ninguém reclamar.
Edu: Ao dizer que o estilo de Neymar 'convida' os zagueiros a dar pancadas ele não estava falando só dos portugueses no jogo de Boston, acho que já previa algo contra o Sevilla e para o resto da temporada. Não foi muito bem compreendido na sua manifestação, me parece. Mas o certo é que Neymar destroçou aquele lado da defesa andaluza, infernizou o lateral e todas as coberturas que iam chegando, carregou os caras de cartões amarelos e em boa parte do jogo deixou Messi em segundo plano.
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sábado, 14 de setembro de 2013

Grandes lutas, pequenos frascos

 
Edu: Falem Ainda ecoa por aqui a abordagem que o zagueiro Paulo André, do Corinthians, fez há duas semanas no Fórum Nacional do Esporte, durante um debate com o presidente da CBF. Como tem uma retórica tosca, sempre convém a Marin ler os seus discursos, mas o homem quase engasgou quando Paulo André interrompeu para perguntar que planos a CBF tinha para melhorar a gestão dos clubes. O detalhe da história é que a mídia até hoje ressalta o simples fato de um jogador em atividade ter questionado o ‘senhor CBF’ e quase nada sobre o objeto da discussão em si.
Carles: Avis rara, o Paulo André, mas os meios difusores não deixam de não nos surpreender, não é mesmo? Ninguém engana todo mundo durante todo o tempo, já dizia um desses heróis de papel. Soube de algo assim por cima, mas não sabia que ele tinha desafiado o cartola dessa forma, cara a cara? Depois da engasgada, teve resposta, enrolação ou “depois a gente conversa que isso é assunto para longos devaneios”?
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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

As armadilhas para os europeus em 2014


Carles: Falemos um pouco de sedes e campeões. Considerando o continente americano como um todo, Brasil por duas vezes e Espanha, uma, foram os duas únicas seleções que conseguiram ser campeões fora do próprio continente. Além disso, o fato de o Brasil não ter ganhado o próprio torneio, dissipa a eterna suspeita à que parecem condenados argentinos e ingleses (sempre os dois!). Será que essas duas premissas aumentam um pouquinho as possibilidades de um eminente bicampeonato de La Roja, mais além dos aspectos esportivos?
Edu: E ainda tem os franceses, que ganharam em casa, em 1998. Mas se o problema que você levanta for um teórico favorecimento (Da Fifa? Dos árbitros? Das empresas? Dos governos?) ao time que joga em casa, acho que os tempos são outros. Ao Brasil, que não era mas se tornou um dos favoritos depois da Confecup, não será nenhum desastre perder o título em casa mais uma vez, como seria para a Argentina no governo militar e muito mais para a Inglaterra, os inventores desse jogo. A questão para os europeus aqui como para os sul-americanos na Europa talvez seja mesmo a força do ambiente. A Espanha sentiu na carne o Maracanã e o com o Brasil passou o mesmo na final de Paris contra Zizou.
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O craque, o zoom e o tabuleiro de xadrez


Edu: Também somos torcedores sem fronteiras, como tantos por aí. Pertencemos àquele tipo de apreciador de futebol que lê e vê muito, identificamos estilos e padrões táticos com certa facilidade até. Logo, imagino que os treinadores e as equipes técnicas também têm acesso a tudo, certamente de uma forma mais sofisticada, porque são equipes especializadas voltadas para essa captação. Talvez isso explique, por exemplo, a fórmula encontrada por alguns times para neutralizar o Barça (o Santos não conta) e também a Seleção do Marquês. Será que cada vez existem menos segredos no futebol?
Carles: Nada se inventa, tudo se transforma. As novidades do Barça, se esmiuçarmos a história do jogo tático, nada mais são do que velhas estratégias recicladas, recuperadas e turbinadas com métodos e preparação física mais sofisticados e a grande esperteza do senhor Pep de observar as estratégias de outros esportes, bem menos conservadores (inclusive porque têm menor compromisso público e menos que perder). Portanto, opino que o mais meritório é a capacidade de se reinventar, de não se acomodar a uma mesmice vigente. O problema é que as reinvenções tem prazo de validade e precisam ser re-reinventadas sempre. Não posso evitar citar novamente Guardiola, que teve a sabedoria de se afastar do objeto para conseguir uma perspectiva crítica. Já Don Vicente não tem tempo para isso. Quanto aos segredos, espero que ele tenha algum guardado na manga porque ultimamente custa a La Roja surpreender alguém que não seja o Taiti.
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