MARCAÇÃO DINÂMICA
Edu: Tenho visto uns poucos técnicos e estudiosos de
treinamento especializado dizerem que um dos segredos do futebol no atual
estágio é quebrar as linhas de passe. Talvez nem seja um ovo de Colombo, porque
os treinadores retranqueiros costumavam colocar três volantes com essa
intenção. Mas nas leituras mais modernas que se fazem do futebol essa função
não é para volantes e sim para todos que jogam do meio de campo para frente,
independente se for um craque ou um colaborador. É fácil descobrir quem joga
dessa forma?
Carles: Acho que é fácil identificar sim, já falamos
aqui disso, mesmo que sob diferentes perspectivas, aliás eu diria que é um dos
cavalos de batalha do 500aC, o "futebol pensado". Certeza que a linha
divisória entre o catenaccio e o
futebol total está justamente no nível de planejamento da abordagem e
principalmente no que fazer com a bola depois de interromper o jogo do
adversário. A grande diferença entre simplesmente colocar barreiras, como a
típica linha com três volantes, e
trabalhar intensamente a associação entre ações que possam dificultar o passe
adversário, induzi-lo ao erro, roubar a posse e articular o próprio jogo. De
tempos em tempos aparecem loucos dispostos a colocar isso em prática e quase
sempre obtendo resultados positivos. Se é assim, porque será que a grande maioria
parece preferir transformar esses sujeitos em hits na história do esporte e
retornar à banalidade?
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